Trump quer que iPhones sejam fabricados nos EUA; entenda
Em entrevista, a porta-voz da Casa Branca afirmou que o presidente quer que a fabricação do iPhone seja realocada para os Estados Unidos

A fabricação de iPhones deveria ser realocada para os Estados Unidos, acredita o presidente do país, Donald Trump. Em uma coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacou que o país tem, sim, a força de trabalho necessária para assumir a produção dos dispositivos.
Há mais de uma década, a fabricação de iPhones acontece majoritariamente na China. Fábricas em outros países também complementam a cadeia de produção, como foi observado nos modelos do iPhone 15 com sufixo “BR/A” e no iPhone 14 etiquetado como “Assembled in Brazil” (“Montado no Brasil”, em tradução livre).
Contudo, as recentes políticas comerciais do atual presidente norte-americano forçaram empresas a reconsiderar suas cadeias de produção — ao menos realocá-las — para reduzir o impacto das tarifas de importação dos EUA. A tarifa definida para produtos importados da China é de 125%, enquanto para os demais países, o percentual é de 10%, por tempo determinado.

No início do governo Trump, a Apple aparentava apoiar o executivo. O CEO da empresa, Tim Cook, esteve presente na posse do republicano e teria doado US$ 1 milhão (R$ 5,8 milhões, em conversão direta) ao comitê de posse.
Na época, a Apple também prometeu um investimento significativo nos Estados Unidos, estimado em US$ 100 bilhões (cerca de R$ 588 bilhões). Ainda assim, analistas destacam que esse tipo de investimento já era esperado de uma empresa do porte da Apple.
Por que a fabricação de iPhones não acontece nos EUA?
O processo de fabricação de iPhones é extremamente complexo, e grande parte dele não está sob responsabilidade direta da Apple. A companhia cuida do design e do desenvolvimento dos produtos, incluindo componentes internos como chipsets, placas-mãe e modens de rede. Já a fabricação — que envolve manipulação de materiais nobres e tecnologias de produção — fica a cargo de empresas como a TSMC, sediada em Taiwan.
A montagem final, por sua vez, é menos delicada e costuma ser dividida entre diversas localidades. Atualmente, essa fase do projeto é delegada a fábricas no Brasil, na Índia e em outros países.

A Apple começou a realocar a fabricação de iPhones para fora dos EUA pelo menos desde 2010. Segundo a biografia de Steve Jobs escrita por Walter Isaacson, o cofundador da Apple justificou a decisão com base na falta de cerca de 30 mil engenheiros qualificados nos EUA, número considerado insuficiente frente aos 700 mil trabalhadores chineses.
Essa estratégia se manteve ao longo dos anos. Em 2017, Tim Cook reforçou que a força de trabalho chinesa é superior. Em uma entrevista durante o evento Global Forum da Fortune, o CEO declarou:
“Você sabe, nos EUA, talvez fosse possível reunir alguns engenheiros de ferramentas em uma sala, mas não tenho certeza se conseguiríamos enchê-la. Na China, poderíamos preencher vários campos de futebol.”
Trump quer iPhones fabricados nos Estados Unidos
Questionada na coletiva de imprensa sobre a possibilidade de produção local de iPhones, Karoline Leavitt respondeu positivamente: “Com certeza. Ele acredita que temos os trabalhadores, temos a força de trabalho, temos os recursos para fazer isso.”
Segundo a Casa Branca, a promessa de investimento da Apple nos EUA indica que a empresa confia na capacidade do país de lidar com a produção em larga escala de seus produtos.
Onde os iPhones são montados no Brasil?
No Brasil, a montagem dos iPhones é realizada pela Foxconn, em Jundiaí (SP). A fábrica já produziu o iPhone 13, descontinuado em setembro, e atualmente lida com os modelos iPhone 14 e 15. Em breve, também será responsável pela montagem do iPhone 16.
As tarifas de importação para produtos brasileiros foram fixadas em 10%, e não sofreram alteração com a pausa anunciada na quarta-feira (9). Expandir a produção nas fábricas brasileiras seria uma forma viável de reduzir o impacto das tarifas, já que os dispositivos não seriam taxados como produtos chineses.

Iniciar a fabricação em um novo país — especialmente na escala exigida por um produto como o iPhone — é um processo altamente complexo. Nesse cenário, ampliar a produção em países que já operam com parte da demanda se torna uma alternativa financeiramente mais viável.
É por isso que a Apple considera ampliar a produção no Brasil, conforme apurou a Exame. Neste caso, a venda para os EUA ainda estaria sujeita a tarifas, mas significativamente menores.
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Especialista em Redator
Redator de tecnologia desde 2019, ex-Canaltech, atualmente TecMundo e um assíduo universitário do curso de Bacharel em Sistemas de Informação. Pai de pet, gamer e amante de músicas desconhecidas.